sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Perícia quer presença de Nayara durante reconstituição



Para o diretor do Instituto de Criminalística (IC) de Santo André, Nelson Gonçalves, seria ideal que Nayara, a amiga de Eloá Pimentel, morta após ser mantida refém pelo ex-namorado Lindemberg Alves, participasse da reconstituição do mais longo cárcere privado da história de São Paulo. Caso ela não queira, por algum motivo particular ou emocional, poderá orientar passo a passo uma perita que ficará em seu lugar. A data da reconstituição ainda não foi definida.


"Ela (Nayara) poderá ir passando as instruções para que a policial realize os movimentos conforme os do dia da invasão do Gate (Grupo de Ações Táticas Estratégicas)." Ontem, a família levou a jovem para Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, enquanto ainda se recupera dos ferimentos causados por Lindemberg Alves.


Na terça-feira, os peritos do IC devem começar a ser convocados para participar da reconstituição da tragédia. Um dia antes, uma reunião será realizada para determinar quais equipamentos vão ser utilizados. Para impedir que a reconstituição seja prejudicada por pessoas querendo ver o trabalho dos peritos, as autoridades de segurança pública restringirão o acesso ao bloco onde morava Eloá, seus pais e irmãos. Os moradores do 3º andar serão impedidos de ficar no local, para evitar tumulto.


Ainda não está definido se os demais moradores do conjunto habitacional receberão algum tipo de crachá ou se a identificação será feita por meio de documentos pessoais. De acordo com a lei, o seqüestrador, Lindemberg Alves, não é obrigado a participar da simulação. Ele poderá acompanhar se quiser, mas não participar.


Nayara esteve ontem à tarde no Instituto Médico-Legal (IML) de Santo André, no ABC paulista, acompanhada da mãe, Andreia Rodrigues Araújo. A garota passou por exames de corpo de delito. Antes, passou a manhã em um apartamento de uma tia no bairro Baeta Neves, em São Bernardo do Campo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Polícia diz que pai de Eloá tem 4 mortes na ficha

Relato da Polícia Civil de Alagoas mostra que o ex-cabo da Polícia Militar Everaldo Pereira dos Santos, pai da garota Eloá, morta após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado em Santo André, no ABC paulista, tem quatro homicídios em sua ficha corrida. Santos está foragido. Ele é acusado pela polícia de Alagoas de participar do assassinato do delegado Ricardo Lessa, irmão do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT), em 1991. Também chama a atenção a descrição sobre sua atuação em grupo de extermínio.


A ficha de Santos inclui envolvimento com a "Gangue Fardada", que agia no interior alagoano, principalmente na região de Campestre e Jundiá e na divisa de Alagoas com Pernambuco. O pai de Eloá, que em São Paulo usava o nome de Aldo José da Silva, foi excluído da PM em 20 de julho de 1993, por deserção. Nessa época, ele teria fugido de Maceió depois que sua prisão havia sido decretada.


Defesa - Toda a repercussão midiática do caso Eloá, na avaliação da família da adolescente, pode ajudar na defesa do seu pai. "Agora eles podem se defender sem medo. Com toda a imprensa em cima, fica mais difícil que alguém queira simplesmente 'apagar o arquivo'. Foi o que a Ana Cristina (mãe de Eloá e mulher de Everaldo), mesmo muito arrasada, concluiu", disse a agente comunitária Simone Duarte, de 33 anos. Durante o seqüestro, foi Simone quem abrigou a família de Eloá.


A Polícia Civil de Alagoas considera Santos um arquivo vivo e teme por sua vida. Segundo Simone, nas poucas palavras que trocaram sobre o assunto, Ana Cristina se mostrou "arrasada, sem chão". "Ela deixou bem claro que ele é inocente, mas agora está com medo de ser ameaçada." Temendo ser descoberto, Santos não foi ao enterro da filha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gate pode ser punido por fazer função do GER

Os homens do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) que atuaram no cárcere privado de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, podem ser responsabilizados por desrespeito à Resolução 22 da Secretaria da Segurança Pública. Editada em abril de 1990 - um mês depois d o trágico desfecho do seqüestro da professora Adriana Caringi, morta acidentalmente por um atirador da Polícia Militar -, a norma estabeleceu que cabe ao Grupo Especial de Resgate (GER), unidade de elite da Polícia Civil, negociar a libertação de reféns.


A função do Gate, conforme o artigo 4º da resolução, é providenciar o isolamento da área. O texto também detalha como as polícias devem proceder caso o seqüestrador se recuse a libertar o refém. "Exaurindo-se as negociações por parte da Polícia Civil, passar-se-á à fase seguinte, quando então a PM, como polícia ostensiva, de repressão da ordem pública, comandará a totalidade da operação, decidindo quanto à oportunidade, conveniência, forma e procedimentos operacionais", diz o texto do artigo.


A promotora Eliana Passarelli, do Ministério Público Militar, afirmou que vai apurar se houve infração ao artigo 324 do Código Penal Militar. "O pedido de punição pode atingir os policiais que participaram da ocorrência e chegar até os superiores deles." A própria resolução prevê "punições rigorosas" aos integrantes das duas polícias, em caso de desrespeito.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Google Earth mostra combate no Iraque

Os usuários do programa Google Earth, que mostra imagens de satélites, podem ver imagens de um combate entre Estados Unidos e Iraque nas ruas de Bagdá. Segundo informações do diário argentino Clarín reproduzidas pela Folha On Line, as imagens referem-se a uma batalha de 4 de abril de 2004 que resultou na morte de sete soldados norte-americanos.
“De longe, parece um congestionamento no bairro xiita de Sadr City (nordeste da capital iraquiana). No entanto, ao aproximar a imagem, é possível distinguir os tanques de guerra M1A1 transitando pelas ruas”, explica o jornal. Além dos tanques, também é possível ver alguns Humvees, veículos militares norte-americanos.

O jornal reforça que, apesar de as imagens terem o número 2008, elas foram feitas em 2007. Alguns países já expressaram preocupação em relação ao Google Earth, dizendo que o programa representa uma ameaça à segurança.

The users of the Google Earth program, that shows images of satellites, can see images of a combat between United States and Iraq in the streets of Bagdá. According to information of the daily Argentine Bugle reproduced by the Leaf On Line, the images mention a battle to it of 4 of April of 2004 that it resulted in the death of seven North American soldiers. “Of far, it seems a congestion in the xiita quarter of Sadr City (northeast of the Iraqian capital). However, when approaching the image, is possible to distinguish the tanks from war M1A1 transiting for the streets”, explains the periodical. Beyond the tanks, also it is possible to see some North American Humvees, military vehicles. The periodical strengthens that, although the images to have number 2008, they had been made in 2007. Some countries already had expressed concern in relation to Google Earth, having said that the program represents a threat to the security.

Briga entre governo e comitê ameaça presença do Iraque em Pequim

Uma disputa entre o governo do Iraque e o comitê olímpico do país surgida nesta quarta feira pode ameaçar a participação dos atletas iraquianos nos Jogos Olímpicos de Pequim.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Escolas não escapam da guerra na Vila Cruzeiro (RJ)



Segundo moradores, é comum encontrar marcas de tiros de fuzil nos muros das escolas.
Escolas e creches estão fechadas desde o início dos confrontos.

Crianças estão sem aulas há mais de 50 dias na favela Vila Cruzeiro, na Penha, no subúrbio do Rio, desde o início da guerra entre policiais e traficantes. Na quinta-feira (21), muitos colégios municipais e creches estavam fechados por causa do tiroteio.
Os confrontos na região já deixaram 64 pessoas feridas e 25 mortos. Os tiroteios não têm hora nem lugar para acontecerem. O espaço da educação também é atingido pelas balas perdidas. Segundo os moradores, é comum encontrar marcas de tiros de fuzil nos muros das escolas.

“Uma menina uma vez chegou aqui às 7h da manhã, chorando, porque ela disse que viu muita gente com granadas, preparados para uma batalha. Não é um ambiente pra criança vir pra escola, né?”, declarou uma professora da região, que não quis se identificar.



A comunidade diz que é comum ver pessoas armadas passando pelas ruas como se fosse normal. Segundo um educador, atrás de algumas escolas, funcionam bocas-de-fumo e os alunos são instigados a viver nesse meio.

“Os alunos ouvem ser vendida droga e começaram a imitar, começaram a pegar o giz e fazer do giz, repartir o giz, como se fosse cocaína”, disse.

Os educadores disseram ainda que é difícil mostrar os valores para as crianças porque, segundo eles, os alunos convivem muito mais tempo com o errado do que com o certo.


“Por mais que eu amasse aquelas crianças, que eu quisesse fazer alguma coisa por elas, eu cheguei a um ponto de não conseguir mais ir para a escola”, disse uma das professoras.

Para os professores, as crianças precisarão de médicos, psicólogos e psiquiatras quando os confrontos terminarem.

“Tem vários alunos com síndrome do pânico, em tratamento, tomando antidepressivos. Tem vários alunos assim”, disseram.

Perguntada sobre o futuros dos alunos, uma professora respondeu: “Eu quero sonhar. Eu quero sonhar uma vida muito melhor para eles. Eu quero meu aluno tendo o mesmo direito que outro aluno. Que o nosso filho, que o nosso neto tem, de sair, de voltar, de achar que o futuro pode ser melhor com o seu trabalho, de uma maneira normal”.

Na madrugada deste sábado (23), dois traficantes foram mortos durante uma operação realizada por agentes do 16º BPM (Olaria) na favela Vila Cruzeiro.



Segundo o comandante do Batalhão, coronel Marcus Jardim, na operação, foram apreendidos oito quilos de cocaína e uma metralhadora antiaérea.



Desde o início dos confrontos na região, no dia 2 de maio, 64 pessoas ficaram feridas. Com a morte dos dois traficantes neste sábado, o número de vítimas já chega a 25.

According to inhabitants, it is common to find marks of shots of metal ring in the walls of the schools. Schools and day-care centers are closed since the beginning of the confrontations. Children are without lessons more than have 50 days in the slum quarter Village Cruise, the Penha, the suburb of the River, since the beginning of the war between policemen and dealers. In the thursday (21), many municipal colleges and day-care centers were closed because of the shoot out. The confrontations in the region already had left 64 wounded people and 25 died. The shoot outs do not have hour nor place to happen. The space of the education also is reached by the lost bullets. According to living, it is common to find marks of shots of metal ring in the walls of the schools. “A girl a time arrived here at 7h of the morning, crying, because it said that she saw much people with garnet, chemical preparations for a battle. Is not an environment pra child to come pra school, né? ”, a teacher of the region declared, that did not want to identify itself. The community says that it is common to see armed people passing for the streets as if it was normal. According to an educator, behind some schools, they function mouth-of-I smoke and the pupils are instigated to live in this way. “The pupils hear to be vendida drug and had started to imitate, had started to catch the chalk and to make of the chalk, to distribute the chalk, as it was cocaine”, said. The educators had said despite he is difficult to show the values for the children because, according to them, the pupils coexist much more time the wrong one of what with the certainty. “No matter how hard I knead those children, who I wanted to make some thing for them, I arrived at a point not to obtain more to go for the school”, he said one of the teachers. For the professors, the children will need doctors, psychologists and psychiatrists when the confrontations to finish. “She has some pupils with syndrome of the panic, in treatment, taking antidepressants. She has some pupils thus”, had said. Asked on the futures of the pupils, a teacher answered: “I want to dream. I want to dream a very better life for them. I the same want my pupil having right who another pupil. That our son, who our grandson has, to leave, to come back, to find that the future can be better with its work, in a normal way”. In the dawn of this Saturday (23), two dealers had been died during an operation carried through for agents of 16º BPM (Olaria) in the slum quarter Village Cruise. According to commander of the Battalion, Marcus colonel Garden, in the operation, had been apprehended eight kilos of cocaine and an antiaircraft machine gun. Since the beginning of the confrontations in the region, in day 2 of May, 64 people had been wounded. With the death of the two dealers in this Saturday, the number of victims already arrives the 25.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Primeira Guerra Mundial



A Primeira Guerra Mundial (também conhecida como Grande Guerra antes de 1939, Guerra das Guerras ou ainda como a Última Guerra Feudal) foi um conflito mundial ocorrido entre Agosto de 1914 a 11 de Novembro de 1918.

A guerra ocorreu entre a Tríplice Entente (liderada pelo Império Britânico, França, Império Russo (até 1917) e Estados Unidos (a partir de 1917) que derrotou a Tríplice Aliança (liderada pelo Império Alemão, Império Austro-Húngaro e Império Turco-Otomano), e causou o colapso de quatro impérios e mudou de forma radical o mapa geo-político da Europa e do Médio Oriente.

No início da guerra (1914) a Itália era aliada dos Impérios Centrais na Tríplice Aliança, mas, considerando que a aliança tinha carácter defensivo (e a guerra havia sido declarada pela Áustria) e a Itália não havia sido preventivamente consultada sobre a declaração de guerra, o governo italiano afirmou não sentir vinculado à aliança e que, portanto, permaneceria neutro. Mais tarde, as pressões diplomáticas da Grã-Bretanha e da França a fizeram firmar em 26 de abril de 1915 um pacto secreto contra o aliado austríaco, chamado Pacto de Londres, no qual a Itália se empenharia a entrar em guerra em um mês em troca de algumas conquistas territoriais que obtivesse ao fim da guerra: o Trentino, o Tirol, Trieste, Gorizia, Ístria (com exceção da cidade de Fiume), parte da Dalmácia, um protetorado sobre a Albânia, sobre algumas ilhas do Dodecaneso e alguns territórios do Império Turco, além de uma expansão das colônias africanas, às custas da Alemanha (a Itália já possuía na África a Líbia, a Somália e a Eritréia). O não-cumprimento das promessas feitas à Itália foi um dos fatores que a levaram a aliar-se ao Eixo na Segunda Guerra Mundial.

Em 1917, a Rússia abandonou a guerra em razão do início da Revolução. No mesmo ano, os EUA, que até então só participavam da guerra como fornecedores, ao ver os seus investimentos em perigo, entram militarmente no conflito, mudando totalmente o destino da guerra e garantindo a vitória da Tríplice Entente.

Introdução

Muitos dos combates na Primeira Guerra Mundial ocorreram nas frentes ocidentais, em trincheiras e fortificações (separadas pelas "Terras de Ninguém", que era o espaço entre cada trincheira, onde vários cadáveres ficavam a espera do recolhimento) do Mar do Norte até a Suíça. As batalhas se davam em invasões dinâmicas, em confrontos no mar, e pela primeira vez na história, no ar.

O saldo foi de mais de 19 milhões de mortos, dos quais 5% eram civis. Na Segunda Guerra Mundial, este número aumentou em 60%.

O conflito rompeu definitivamente com a antiga ordem mundial criada após as Guerras Napoleônicas, marcando a derrubada do absolutismo monárquico na Europa.

Três impérios europeus foram destruídos e conseqüentemente desmembrados: Alemão, o Austro-Húngaro e o Russo. Nos Bálcãs e no Médio Oriente o mesmo ocorreu com o Império Turco-Otomano. Dinastias imperiais européias como as das famílias Habsburgos, Romanov e Hohenzollern, que vinham dominando politicamente a Europa e cujo poder tinha raízes nas Cruzadas, também caíram durante os quatro anos de guerra.

O fracasso da Rússia na guerra acabou contribuindo para a queda do sistema czariano, servindo de catalisador para a Revolução Russa que inspirou outras em países tão diferentes como China e Cuba, e que serviu também como base para a Guerra Fria. No Médio Oriente o Império Turco-Otomano foi substituído pela República da Turquia e muitos territórios por toda a região acabaram em mãos inglesas e francesas. Na Europa Central os novos estados Tchecoslováquia, Finlândia, Letônia, Lituânia, Estônia e Iugoslávia "nasceram" depois da guerra e os estados da Áustria, Hungria e Polônia foram redefinidos. Pouco tempo depois da guerra, em 1923, os Fascistas tomaram o poder na Itália. A derrota da Alemanha na guerra e o fracasso em resolver assuntos pendentes no período pós-guerra, alguns dos quais haviam sido causas da Primeira Guerra, acabaram criando condições para a ascensão do Nazismo quatorze anos depois e para a Segunda Guerra Mundial em 1939, vinte anos depois.

Causas

Em 28 de Junho de 1914, o arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono Austro-Húngaro, e sua esposa foram assassinados pelo sérvio Gavrilo Princip, que pertencia ao grupo nacionalista-terrorista armado Mão Negra (oficialmente chamado "Unificação ou Morte"), que lutava pela unificação dos territórios que continham sérvios.

O assassinato desencadeou os eventos que rapidamente deram origem à guerra, mas suas verdadeiras causas são muito mais complexas. Historiadores e políticos têm discutido essa questão por quase um século sem chegar a um consenso. Algumas das melhores explicações estão listadas abaixo:

A Cláusula de Culpa

As primeiras explicações para os motivos da I Guerra Mundial, muito usadas na década de 20, tinham como versão a ênfase oficial tida na Cláusula de Culpa de Guerra, ou Artigo 231 do Tratado de Versalhes e Tratado de St.Germain, que acusava tanto a Alemanha quanto o Império Austro-Húngaro pela responsabilidade da guerra. A explicação para tal não era completamente infundada; era um fato que o Império Austro-Húngaro, apoiado por Berlim, tinha atacado a Sérvia em 29 de julho e que a Alemanha tinha invadido a Bélgica em 3 de agosto[1]. Sendo assim, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro tinham sido os primeiros a atacar, o que teria levado à guerra. A Alemanha foi considerada culpada e teve que pagar as reparações pela guerra e todos os custos futuros, além de pensões para todos os veteranos da Tríplice Entente, num valor total estimado em trinta bilhões de dólares. O valor foi sendo renegociado por toda a década de 20, até ser extinto em 1931.

Muitos importantes pensadores britânicos, como o economista John Maynard Keynes, não aceitam a Cláusula de Culpa que a França tanto apoiou. Desde 1960 a idéia de que a Alemanha foi a responsável pela guerra foi revivida por acadêmicos como Fritz Fischer, Imanuel Geiss, Hans-Ulrich Wehler, Wolfgang Mommsen, e V.R. Berghahn.

Corrida Armamentista

HMS Dreadnought, símbolo da corrida armamentista.A corrida naval entre Inglaterra e Alemanha foi intensificada em 1906 pelo surgimento do HMS Dreadnought, revolucionário navio de guerra. Uma evidente corrida armamentista na construção de navios desdobrava-se entre as duas nações. O historiador Paul Kennedy argumenta que ambas as nações acreditavam nas teorias de Alfred Thayer Mahan, de que o controle do mar era vital a uma nação.

O também historiador David Stevenson descreve a corrida como um "auto reforço de um ciclo de elevada prontidão militar", enquanto David Herrman via a rivalidade naval como parte de um grande movimento para a guerra. Contudo, Niall Ferguson argumenta que a superioridade britânica na produção naval acabou por transformar tal corrida armamentista em um fator que não contribuiu para a movimentação em direção a guerra.

Este período, entre 1885 e 1914[2], ficou conhecido como a Paz Armada[3]

O poder naval das grandes nações em 1914
Nação Tripulação Maiores navios Tonelagem
Rússia 54,000 4 328,000
França 68,000 10 731,000
Grã-Bretanha 209,000 29 2,205,000
Total 331,000 43 3,264,000
Alemanha 79,000 17 1,019,000
Austro-Húngaro 16,000 3 249,000
Total 95,000 20 1,268,000
Fonte: Ferguson 1999 p 85

Militarismo e Autocracia

O presidente dos EUA Woodrow Wilson e outros observadores americanos culpam o militarismo pela guerra. A tese é que a aristocracia e a elite militar tinham um controle grande demais sobre a Alemanha, Itália e o Império Austro-Húngaro, e que a guerra seria a consequência de seus desejos pelo poder militar e o desprezo pela democracia. Consequentemente, os partidários dessa teoria pediram pela abdicação de tais soberanos, o fim do sistema aristocrático e o fim do militarismo - tudo isso justificou a entrada americana na guerra depois que a Rússia czarista abandonou a Tríplice Entente. Wilson esperava que a Liga das Nações e um desarmamento universal poderia resultar numa paz, admitindo-se algumas variantes do militarismo como nos sistemas políticos da Inglaterra e França[4].

Imperialismo Econômico

Lênin era um famoso defensor de que o sistema imperialista vigente no mundo era o responsável pela guerra. Para corroborar as suas idéias ele usou as teorias econômicas de Karl Marx e do economista inglês John A. Hobson, que antes já tinha previsto as consequências do imperialismo econômico na luta interminável por novos mercados, que levaria a um conflito global, em seu livro de 1902 chamado "Imperialismo"[5]. Tal argumento provou-se convincente no início imediato da guerra e ajudou no crescimento do Marxismo e Comunismo no desenrolar do conflito. Os panfletos de Lênin de 1917, "Imperialismo: O Último Estágio do Capitalismo", tinham como argumento que os interesses dos bancos em várias das nações capitalistas/imperialistas tinham levado à guerra[6].

Nacionalismo, Romantismo e a "Nova Era"

Os líderes civis das nações européias estavam na época enfrentando uma onda de fervor nacionalista que estava se espalhando pela Europa há anos, como memórias de guerras enfraquecidas e rivalidades entre povos, apoiados por uma mídia sensacionalista e nacionalista. Os frenéticos esforços diplomáticos para mediar a rixa entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia foram irrelevantes, já que a opinião pública naquelas nações pediam pela guerra para defender a chamada honra nacional. Já a aristocracia exercia também forte influência pela guerra, acreditando que ela poderia consolidar novamente seu poder doméstico. A maioria dos beligerantes pressentiam uma rápida vitória com conseqüências gloriosas. O entusiasmo patriótico e a euforia presentes no chamado Espírito de 1914 revelavam um grande otimismo para o período pós-guerra.

A Culminação da História Européia

A guerra localizada entre o Império Austro-Húngaro e a Sérvia teve como principal (e quase único) motivo o Pan-eslavismo, o movimento separatista dos Bálcãs. O Pan-eslavismo influenciava a política externa russa, principalmente pelos cidadãos eslavos no país e os desejos econômicos de um porto em águas quentes[7]. O desenrolar da Guerra dos Balcãs refletia essas novas tendências de poder das nações européias. Para os germânicos, tanto as Guerras Napoleónicas quanto a Guerra dos Trinta Anos foram caracterizados por invasões que tiveram um grande efeito psicológico; era a posição precária da Alemanha no centro da Europa que tinha levado a um plano ativo de defesa como o Plano Schlieffen [8]. Ao mesmo tempo a transferência da disputada Alsácia e Lorena e a derrota na Guerra franco-prussiana influenciaram a política francesa, dando origem ao chamado revanchismo. Após a Liga dos Três Impérios ter se desmanchado, a França formou uma aliança com a Rússia, e a guerra por duas frentes começou a se tornar uma preocupação para o exército alemão.

Nações participantes

Brasil e a Grande Guerra
No dia 5 de abril de 1917 o vapor brasileiro "Paraná", que navegava de acordo com as exigências feitas a países neutros, foi torpedeado por um submarino alemão. No dia 11 de abril o Brasil rompe relações diplomáticas com o bloco germânico, e, em 20 de maio, o navio "Tijuca" foi torpedeado perto da costa francesa. Nos meses seguintes, o governo Brasileiro confisca 42 navios alemães que estavam em portos brasileiros, como uma indenização de guerra.

No dia 23 de outubro de 1917 o cargueiro nacional "Macau", um dos navios arrestados, foi torpedeado por um submarino alemão, perto da costa da Espanha, e seu comandante feito prisioneiro. Com a pressão popular contra a Alemanha, no dia 26 de outubro de 1917 o país declara guerra à aliança germânica.

Começou então uma intensa agitação nacionalista, comícios louvam a "gloriosa atitude brasileira de apoiar os Aliados". Monteiro Lobato critica esse nacionalismo, pois, de acordo com ele, isso estava desviando a atenção do país em relação a seus problemas internos.

A participação militar do Brasil no solo europeu foi pequena, resumindo-se a algumas ações de pilotos da força aérea (na época a Força Aérea Brasileira ainda não havia sido criada, mas havia a aviação do Exército e da Marinha) treinados na Europa, e apoio médico, além do fornecimento de alimentos e matérias-primas. A Marinha recebeu a incumbência de patrulhar o Atlântico, evitando a ação dos submarinos inimigos.

Portugal na Grande Guerra

Portugal participou no primeiro conflito mundial ao lado dos Aliados, o que estava de acordo com as orientações da República ainda recentemente instaurada.

Na primeira etapa do conflito, Portugal participou, militarmente, na guerra com o envio de tropas para a defesa das colónias africanas ameaçadas pela Alemanha. Face a este perigo e sem declaração de guerra, o Governo português enviou contingentes militares para Angola e Moçambique.

Em Março de 1916, apesar das tentativas da Inglaterra para que Portugal não se envolvesse no conflito, o antigo aliado português decidiu pedir ao estado português o apresamento de todos os navios germânicos na costa lusitana. Esta atitude justificou a declaração oficial de guerra de Portugal em relação à Alemanha e aos seus aliados, a 9 de Março de 1916 (apesar dos combates em África desde 1914).

Em 1917, as primeiras tropas portuguesas, do Corpo Expedicionário Português, seguiam para a guerra na Europa, em direcção à Flandres. Portugal envolveu-se, depois, em combates em França.

Neste esforço de guerra, chegaram a estar mobilizados quase 200 mil homens. As perdas atingiram quase 10 mil mortos e milhares de feridos, além de custos económicos e sociais gravemente superiores à capacidade nacional. Os objectivos que levaram os responsáveis políticos portugueses a entrar na guerra saíram gorados na sua totalidade. A unidade nacional não seria conseguida por este meio e a instabilidade política acentuar-se-ia até à queda do regime democrático em 1926.

A Crise de Julho e as Declarações de Guerra

Após o assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando em 28 de Junho, o Império Austro-Húngaro esperou três semanas antes de decidir tomar um curso de ação. Essa espera foi devida ao fato de que grande parte do efetivo militar estava na ajuda a colheita, o que impossibilitava a ação militar naquele período. Em 23 de Julho, graças ao apoio incondicional alemão (carta branca) ao Império Austro-Húngaro se a guerra eclodisse, foi-se mandando um ultimato a Sérvia que continha várias requisições, entre elas a que agentes austríacos fariam parte das investigações, e que a Sérvia seria a culpada pelo atentado. O governo sérvio aceitou todos os termos do ultimato, com exceção da participação de agentes austríacos, o que na opinião sérvia constituía uma violação de sua soberania.

Por causa desse termo, rejeitado em resposta sérvia em 26 de Julho, o Império Austro-Húngaro cortou todas as relações diplomáticas com o país e declarou guerra ao mesmo em 28 de Julho, começando o bombardeio à Belgrado (capital sérvia) em 29 de Julho. No dia seguinte, a Rússia, que sempre tinha sido uma aliada da Sérvia, deu a ordem de locomoção a suas tropas. Os alemães, que tinham garantido o apoio ao Império Austro-Húngaro no caso de uma eventual guerra mandaram um ultimato ao governo russo para parar a mobilização de tropas dentro de 12 horas, no dia 31. No primeira dia de Agosto o ultimato tinha expirado sem qualquer reação russa. A Alemanha então declarou guerra a ela. Em 2 de Agosto a Alemanha ocupou Luxemburgo, como o passo inicial da invasão à Bélgica e do Plano Schlieffen (que previa a invasão da França e da Rússia). A Alemanha tinha enviado outro ultimato, dessa vez à Bélgica, requisitando a livre passagem do exército alemão rumo à França. Como tal pedido foi recusado, foi-se declarado guerra à Bélgica.

Em 3 de Agosto a Alemanha declarou guerra a França, e no dia seguinte invadiu a Bélgica. Tal ato, violando a soberania belga - que Grã-Bretanha, França e a própria Alemanha estavam comprometidos a garantir fez com que o Império Britânico saísse de sua posição neutra e declarasse guerra à Alemanha em 4 de Agosto.

O Início dos Confrontos

Algumas das primeiras hostilidades de guerra ocorreram no continente africano e no Oceano Pacífico, nas colônias e territórios das nações européias. Em Agosto de 1914 um combinado da França e do Império Britânico invadiu o protetorado alemão da Togoland, no Togo. Pouco depois, em 10 de Agosto, as forças alemães baseadas na Namíbia atacaram a África do Sul, que pertencia ao Império Britânico. Em 30 de Agosto a Nova Zelândia invadiu a Samoa, da Alemanha; em 11 de Setembro a Força Naval e Expedicionária Australiana desembarcou na ilha de Neu Pommern (mais tarde renomeada Nova Britânia), que fazia parte da chamada Nova Guinéa Alemã. O Japão invadiu as colônias micronésias e o porto alemão de abastecimento de carvão de Qingdao na península chinesa de Shandong. Com isso, em poucos meses, a Tríplice Entente tinha dominado todos os territórios alemães no Pacífico. Batalhas esporádicas, porém, ainda ocorriam na África.

Na Europa, a Alemanha e o Império Austro-Húngaro sofriam de uma mútua falta de comunicação e desconhecimento dos planos de cada exército. A Alemanha tinha garantido o apoio à invasão Austro-Húngara a Sérvia, mas a interpretação prática para cada um dos lados tinha sido diferente. Os líderes do Austro-Húngaros acreditavam que a Alemanha daria cobertura ao flanco setentrional contra a Rússia. A Alemanha, porém, tinha planejado que o Império Austro-Húngaro focasse a maioria de suas tropas na luta contra a Rússia enquanto combatia a França na Frente Ocidental. Tal confusão forçou o exército Austro-Húngaro a dividir suas tropas. Mais da metade das tropas foram combater os russos na fronteira, enquanto um pequeno grupo foi deslocado para invadir e conquistar a Sérvia.

A Batalha Sérvia

O exército sérvio lutou em uma batalha defensiva para conter os invasores austro-húngaros. Os sérvios ocuparam posições defensivas no lado sul do rio Drina. Nas duas primeiras semanas os ataques austro-húngaros foram repelidos causando grandes perdas ao exército da Tríplice Aliança. Essa foi a primeira grande vitória da Tríplice Entente na guerra. As expectativas austro-húngaras de uma vitória fácil e rápida não foram realizadas e como resultado o Império Austro-Húngaro foi obrigado a manter uma grande força na fronteira sérvia, enfraquecendo as tropas que batalhavam contra a Rússia.

Alemanha na Bélgica e França

Após invadir o território belga, o exército alemão logo encontrou resistência na fortificada cidade de Liège. Apesar do exército ter continuado a rápida marcha rumo à França, a invasão gêrmanica tinha provocado a decisião britânica de intervir em ajuda a Tríplice Entente. Como signatário do Tratado de Londres, o Império Britânico estava comprometido a preservar a soberania belga. Para a Grã-Bretanha os portos de Antwerp e Ostend eram importantes demais para cair nas mãos de uma potência continental hostil ao país[9]. Para tanto, enviou um exército para a Bélgica, atrasando o avanço alemão.

Inicialmente os mesmos tiveram uma grande vitória na Batalha das Fronteiras (14 de Agosto a 24 de Agosto, 1914). A Rússia, porém, atacou a Prússia Oriental, o que obrigou o deslocamento das tropas alemãs que estavam planejadas para ir a Frente Ocidental. A Alemanha derrotou a Rússia em uma série de confrontos chamados da Segunda Batalha de Tannenberg (17 de Agosto a 2 de Setembro, 1914). O deslocamento imprevisto para combater os russos, porém, acabou permitindo uma contra-ofensiva em conjunto das forças francesas e inglesas, que conseguiram parar os alemães em seu caminho para Paris, na Primeira Batalha do Marne (Setembro de 1914), forçando o exército alemão a lutar em duas frentes. O mesmo se postou numa posição defensiva dentro da França e conseguiu incapacitar permanentemente 230.000 franceses e britânicos.

Fim da Guerra

A partir de 1917 a situação começou a alterar-se, quer com a entrada em cena de novos meios, como o carro de combate e a aviação militar, quer com a chegada ao teatro de operações europeu das forças norte-americanas ou a substituição de comandantes por outros com nova visão da guerra e das tácticas e estratégias mais adequadas; lançam-se, de um lado e de outro, grandes ofensivas, que causam profundas alterações no desenho da frente, acabando por colocar as tropas alemãs na defensiva e levando por fim à sua derrota. É verdade que a Alemanha adquire ainda algum fôlego quando a revolução estala no Império Russo e o governo bolchevista, chefiado por Lênin, prontamente assina a paz sem condições, assim anulando a frente leste, mas essa circunstância não será suficiente para evitar a derrocada. O armistício que põe fim à guerra é assinado a 11 de Novembro de 1918. Às 11h do 11º dia do 11 mês.

A Guerra das Trincheiras

Os avanços na tecnologia militar significaram na prática um poder de fogo defensivo mais poderoso que as capacidades ofensivas, tornando a guerra extremamente mortífera. O arame farpado era um constante obstáculo para os avanços da infantaria; a artilharia, muito mais letal que no século XIX, armada com poderosas metralhadoras. Os alemães começaram a usar gás tóxico em 1915, e logo depois, ambos os lados usavam da mesma estratégia. Nenhum dos lados ganhou a guerra pelo uso de tal artíficio, mas eles tornaram a vida nas trincheiras ainda mais miserável tornando-se um dos mais temidos e lembrados horrores de guerra.

Numa nota curiosa, temos que no início da Guerra, chegado a primeira época natalícia, se encontram relatos de os soldados de ambos os lados cessarem as hostilidades e mesmo saírem das trincheiras e cumprimentarem-se. Isto ocorreu sem o consentimento do comando, no entanto, foi um evento único. Não se repetiu posteriormente por diversas razões: o número demasiado elevado de baixas aumentou os sentimentos de ódio dos soldados e o comando, dados os acontecimentos do primeiro ano, tentou usar esta altura para fazer propaganda, o que levou os soldados a desconfiar ainda mais uns dos outros.

A alimentação era sobretudo à base de carne e vegetais enlatados e biscoitos, sendo os alimentos frescos uma raridade.

Crimes de Guerra

A limpeza étnica da população armênica durante os anos finais do Império Turco-Otomano é amplamente considerada como um genocídio. Com a guerra em curso, os turcos acusaram toda a população armênica, cristãos em sua maioria, de serem aliados da Rússia, utilizando-se disso como pretexto para lidar com toda a minoria considerando-a inimiga do império. É dificil definir o número exato de mortos do período, sendo estimado por diversas fontes para quase um milhão de pessoas mortas em campos de concentração, excluindo-se as que morreram por outros motivos. Desde o evento os governos turcos têm sistematicamente negado as acusações de genocídio, argumentando que os armênicos morreram por uma guerra estar em curso ou que sua matança foi justificada pelo apoio dado aos inimigos do país.

Tecnologia

A Primeira Guerra Mundial foi uma mistura de tecnologia do século XX com tácticas do século XIX.

Muitos dos combates durante a guerra envolveram a guerra das trincheiras, onde milhares de soldados por vezes morriam só para ganhar um metro de terra. Muitas das batalhas mais sangrentas da história ocorreram durante a Primeira Guerra Mundial. Tais batalhas incluiam Ypres, Vimy Ridge, Marne, Cambrai, Somme, Verdun, e de Gallipoli. A artilharia foi a responsável pelo maior número de baixas durante a guerra.

Neste conflito estiveram envolvidos cerca de 65 milhões de soldados e destacaram-se algumas figuras militares, como o estrategia da Batalha de Marne, o general francês Joffre, o general Ferdinand Foch, também da mesma nacionalidade, que veio a assumir o controle das forças aliadas, o general alemão Von Klück, que esteve às portas de Paris, general britânico John French, comandante do Corpo Expedicionário Britânico e o comandante otomano Kemal Ataturk, vencedor na Batalha de Gallipoli contra a Inglaterra e o ANZAC (Austrália e Nova Zelândia).

A guerra química e o bombardeamento aéreo foram utilizados pela primeira vez em massa na Primeira Guerra Mundial. Ambos tinham sido tornados ilegais após a Convenção Hague de 1907.

Os aviões foram utilizados pela primeira vez com fins militares durante a Primeira Guerra Mundial. Inicialmente a sua utilização consistia principalmente em missões de reconhecimento, embora tenha depois se expandido para ataque ar-terra e atividades ar-ar, como caças. Foram desenvolvidos bombardeiros estratégicos principalmente pelos alemães e pelos britânicos, já tendo os alemães utilizado Zeppelins para bombardeamento aéreo.